- acordei com essa música na cabeça, fiz meu breakfast e vim procurá-la enquanto comia: é uma delícia ouvir isso aí de manhã. sei muito bem que samuca se viciou na ruiz (na raiz da ruiz) e foi da maior importância eu ter topado com esse vídeo antes da versão da gal, pra ter a chance de de repente ele não ter visto ainda e se maravilhar. adorei a interpretação, tem umas coisas debochadas - imprimidas naquela voz preguiçosa que a gente faz quando não quer articular as palavras. a verdade é que eu fiquei presa nesse círculo de otário, gal bethânia elis clara, e tenho o maior preconceito com cantoras mais jovens da êmepêbê - quando na verdade é mentira: eu só ouço mesmo bethânia e até pra ouvir a gal levou um tempão, mas gostei do que vi. a mesma coisa pra clara nunes: que feeling, meodeus. mas gostei dessa tulipa, sim (e que nome de pais hippies, nem sei se é o nome dela de verdade - evocou essa coisa de pseudo-flautista-pseudo-militante-pseudo-pobre-que-mora-em-santa-teresa de que o povo anda falando tanto mal... [e que na verdade acho isso um papo de otário, num sei quê lá]).
e olha que o vídeo é produzido pela veja - ou seja, namorada de comunista não pode nem pensar em. - eu minto muito (mas minha voz não mente): na verdade eu acordei com lovesick blues, nessa versão deliciosa em que a norah jones finge que é fancha e canta pra uma mulher - quando a versão standard pras mulheres (patsy cline etc) é cantar HE e não SHE, GUY, e não GAL. mas a música da tulipa fez muito melhor pra mim do que ouvir "lovesick". talvez isso queira dizer que eu já superei certas coisas a respeito de abandono, já tô no esfriamento irônico e não tô "sittin' here feeling sorry for myself". pois, acordei com "lovesick" na cabeça e tinha sonhado com alturas. era eu passeando sozinha num metrô ETERNO na itália (acho que era roma, que não conheci), tentando chegar num museu no meio do nada. mas eu tinha dormido no meio da viagem e chegado ao fim da linha, daí fui perguntar pra um italiano com cara de tarado - falando um italiano totalmente cagado pra misturar com inglês - como é que chegava na estação tal. ele ficou pensando, pensando e decidiu que no fim o trajeto que ele tinha sugerido ia tomar tempo demais, que era pra eu perguntar no guichê da estação final em que a gente ia descer.
no guichê já cheguei direto falando inglês, tentando me fazer entender, e aí a mulher foi checar as informações alhures, chamou um outro cara pra me explicar - e eles falavam português de portugal entre si. quando eu descobri que falavam português ficou tudo mais fácil, mas a sensação geral era que eles queriam ficar me prendendo ali e não me ensinando porra nenhuma, e eu não sabia como sair - ou seja, me prendia àquele lugar, de qualquer forma. no meio da espera, recebia um sms da isis com uma mensagem carinhosa e embaixo uma cifra de uma música que fale da nossa situação, mas dizendo que me queria. e enquanto isso eu achava que todos queriam ficar comigo, e davam em cima de mim.
era só sair da estação de metrô que tinha um lugar com piscina bacana e vazio, e só os locais frequentavam-no. eu fiquei just chillin' lá e acordei (com a música na cabeça). - por exemplo, morar com o jun tem me feito um bem que é o seguinte: ele compra as coisas de modo que eu não preciso comprar. ele trouxe essa semana aquela "trip" temática de diversidade sexual, que eu tinha curtido, já, nas internets. tem uma matéria sobre uma amoreba (adorei o nome), uma comunidade (citadina) de gente que se ama tudo junto, num novo modelo de relacionamento. fiquei com vontade de conhecer - e se eu levasse mais um pouquinho de tempo não tendo encontrado o amor, eu ia querer morar lá com eles.
e aí tem a vantagem de a gente ler algumas outras revistas, coisa que desde o fim da minha assinatura de "piauí" eu não fazia. um pouco entre besteira e coisa séria, é uma sensação de estar fazendo mais do que lendo aqueles horóscopos errados que saem. e a gente fica naquela de perguntar o meu signo, escorpião sagitário, num sei quê lá o tempo todo, quando na verdade não tem signo nenhum que explique o por quê de a gente ser tão cagado assim. - o que eu ia falar de blog que não tem nada a ver com isso tudo acima: estive pensando num grupo muito restrito, geracional, que somos eu e dois amigos que ainda escrevem em blogs. não é pouca coisa, se a gente pensar que as redes sociais tão aí e tudo evolui paulatinamente para o grunhido, como diz o saramago. a gente fala cada vez menos, mas fala o tempo todo no twitter e facebook. e nada gera o devido tempo de reflexão, é reblogagem e repetição o tempo inteiro - que também tem as suas vantagens, eu admito: senão não tinha contas nesses lugares e também no tumblr. mas o fato de a gente sempre voltar ao blog, ao nosso moleskine que seja - onde eu tenho escrito as coisas mais interessantes dentre as que tenho escrito - quer dizer alguma coisa (que ainda não sei o que é). mas o motivo dessa minha abertura de tópico foi, nomeadamente, os blogs de samuca - que acompanho desde 2001, vão 10 anos, e de rafa, que leio desde 2006. o que faz a gente continuar sendo interlocutor um do outro depois de tantos anos? e postar coisas parecidas, mas diferentes, fazendo referências um ao outro? e um traduzir o outro tão frequentemente?
é uma modalidade contemporânea dos grupos e revistas literários, de repente - ou, mais modestamente, aquela coisa de que a clarice fala, às vezes, sobre pertencer:
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. (...)sinto-me no entanto feliz de pertencer à literatura brasileira. Não, não é por orgulho, nem por ambição. Sou feliz de pertencer à literatura brasileira por motivos que nada têm a ver com literatura, pois nem ao menos sou uma literata ou uma intelectual. Feliz apenas por "fazer parte".(in: A descoberta do mundo. crônica de 15 de junho de 1968)
3 comentários:
*geladeira de RYCAH tem até trip da diversidade sexual.
*acho que esqueci de te avisar da troca de endereço do meu blog. ele continua existindo, sim? só que agora é ojunipero2.
VEJA????
Eu gosto dos seus posts com muitas idéias juntas no mesmo texto.
ontem, quando eu li isso aqui, tinha várias coisas pra dizer. hoje, não sei porque, me parece tudo besteira. :/
Mayra
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