I
em decúbito frontal
aspiro palavras e incensos de tua pele
desejo inversões
na perspectiva de preenchermos
temporariamente
esses vazios solitários
de cidades em cubos
intenções desconhecidas
por receio de nos ouvirem
(será que ouvem?;
ou será que estão imersos no mesmo tipo
de espera, retenção e medo
em que nós nos abraçamos?)
aspiro-te
sem querer me desfazer do ar
e, em não o soltar,
não deixar que o cheiro
me deixe.
II
no outro dia
já alta a manhã ia
carreguei o cheiro em mim
atravessei a cidade com ele;
e fumaça, prédios, jornal, gente,
nada penetrou a sua aura.
já em outra cama - essa nua
e eu vestida -, em decúbito dorsal
espero para ver se me dispo
e fico parecida com meu leito.
III
em outro ano
o incenso já tão apartado
a infusão já decantada
separando o que fôramos nós em eu
e tu
regresso
ao momento ansioso
da espera
do nosso primeiro beijo
quando penso que pode mesmo acontecer
- agora braços pernas dorso nus
mas, alguma hora,
tudo há de se esvair
da capo al fine
recapitulo os compassos
tua presença ausente
como uma cidade da qual
eu havia sido exilada.
aqui a Baía de Guanabara
que atravesso pelo gosto de ir
à outra cidade, que me espera,
abre os braços por cima de mim
sem me perguntar o que fui
fazer fora.
e fico parecida com meu leito.
III
em outro ano
o incenso já tão apartado
a infusão já decantada
separando o que fôramos nós em eu
e tu
regresso
ao momento ansioso
da espera
do nosso primeiro beijo
quando penso que pode mesmo acontecer
- agora braços pernas dorso nus
mas, alguma hora,
tudo há de se esvair
da capo al fine
recapitulo os compassos
tua presença ausente
como uma cidade da qual
eu havia sido exilada.
aqui a Baía de Guanabara
que atravesso pelo gosto de ir
à outra cidade, que me espera,
abre os braços por cima de mim
sem me perguntar o que fui
fazer fora.
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