A)
Esquadrinhar por entre os fios de alta tensão
A bola de queijo suíço com arredores cor-de-rosa
Contrastar o azul de fim de tarde.
B)
Por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deusa?
(Se sabias que eu era fraca?)
Agora me resta a aporia
Diante de um milhão de livros
Que não me explicarão
O mistério vitalista dos
Deuses que se abandonam
Aos homens:
na terra
na água
no calor
no vento que esfria
Me restou ficar à espera
De que sejas o vento
O volume d'água entre
Âncora
E areia
Que o som desses pratos
(Entre os quais se interpõe
A minha cabeça)
Deixe a sua ressonância
Restou:
Rastro das aves
Voz de passarinho
Ainda resta o vento
O fogo que o perfura
Água que se derrete
Terra arada e sem plantio:
Eu penteada, fios molhados
Os sulcos causados pela escova.
C)
Você saiu da minha vida
Como um avião
Pelo menos antigamente
Os barcos levavam mais tempo para desancorar
Recolher as cordas
Reolhar ao redor
Fazer aquela cerimônia
E trilhar as águas devagar
Para uma baía mais calma
Que essa quebração.
Mas barco leva mais tempo
para ancorar que para se soltar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário