meu melhor amigo mudou de blog (não sei se pode divulgar ainda) e eu não sei por que diabo insisto (nessa profissão) em ter esse desde 2005 (quando comecei a ser lésbica).
[cito isto: [ou "cisto"] BUARQUE, Chico]
mas então vim no ônibus depois da yoga (quando vem mais daqueles pensamentos mais crus, puríssimos, ingênuos e sem filtro) pensando que eu devia mesmo postar mais, como se a crítica viesse me cobrar: fernanda não escreve mais, deve estar muito ocupada vivendo. (tinha guardado um post-velório aqui, missa de primeiro ano de morte, mas ainda bem que o dia passou e eu não posso render homenagem a uma coisa dessa)
então não ia ser sobre isso o post (li esses dias que falar de amor está fora de moda, o que pega bem é ser metalinguístico), mas se eu pudesse eu continuava o mesmo blog desde 2001. era nanda_b2.blogspot.com, salvo engano, até o dia em que sem querer, sem saber o que estava fazendo, apaguei os primeiríssimos posts, que dava tudo pra reler, até minha coleção de discos do roberto.
vamos a sobre o que era o post, esperando o ônibus por eternos 6 ou 8 minutos na maior friaca molhada, fiquei que nem uma doida cantando notas graves - começou com o mantra final da sessão, virou "black is the color of my true love's hair", e, como meu true love desse último mês tem cabelo preto e olhos verdes, aquilo logo virou "morena dos olhos d'água", e é um abuso eu aqui nesse frio e nesse exílio evocar chico buarque, a uma hora dessas, entende? (da onda chico verde)
sempre que eu fico que nem uma doida testando os meus graves, que eu sempre acho muito mais bonitos (além de serem discretos) que os agudos, penso num vídeo (que não consigo achar) em que a gal conta que, em criança, pegava uma panela, ia pro banheiro, botava aquilo na cara e ficava testando a acústica e os sons que a boca dela emitia. é assim, sabe? artista é isso. ponto.
encerrarei com um poema do manuel antónio pina, poeta português falecido há umas semanas. não conhecia nadica dele até ir a uma leitura em sua homenagem, hoje à tarde, e achei esse fato um absurdo:
A poesia vai acabar,os poetas vão ser colocados em lugares mais úteis.Por exemplo, observadores de pássaros(enquanto os pássaros nãoacabarem). Esta certeza tive-a hoje aoentrar numa repartição pública.Um senhor míope atendia devagarao balcão; eu perguntei: «Que fez algumpoeta por este senhor?» E a perguntaafligiu-me tanto por dentro e por forada cabeça que tive que voltar a lertoda a poesia desde o princípio do mundo.Uma pergunta numa cabeça.— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar?
Um comentário:
Pode divulgar! ;]
Fiquei curioso com a promessa de um PÔSTumo citado no parágrafo da yoga.
Se eu não me engano, a Gal fala da panela no Ensaio de 1994. Mas a fonte mais confiável é o Diogo mesmo. Ele contou essa história com certeza.
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