de sofrer e amar, a gente não se desfaz.

11.3.13

meu maior triunfo como leitora de poesia foi outro dia estar na casa de um amigo português e dizer aquele poema do poeta sórdido. depois de proferir o primeiro verso -

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.

- ele disse: ahn... e como é a teoria?

posso considerar um ganho de todas as horas ouvindo bethânia dizer poemas e de algumas treinando eu mesma a dizê-los, com o outro joão.

há um livro do gastão que subverte a nossa imagem poética das aves. outro dia o mesmo amigo português leu-me o tarot, e saiu essa carta, de aves, significando liberdade e tal. fui ler o que o gastão dizia sobre elas, e são todas imagens decadentes, de ocaso, outono e outras palavras começadas com o.

Outono do amor que folhas moves 
na direcção dos corpos separados 
e molhas desses prantos ignorados 

de quem da primavera conheceu o 

movimento das aves 
e desse movimento estas esperas 
agora só conhece já e ouve 
a própria descida com as folhas 

a voz própria cansada 
quando a vida 
e a voz lhas está a dor tirando 


e não posso nem pensar em esquecer o verso camoniano que é usado como epígrafe, coisa que geralmente a internet esquece:

"a voz e a vida a dor me está tirando".

coisas de 1972. ou 1572. não se sabe.

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