de sofrer e amar, a gente não se desfaz.

18.8.14

GAME OVER

O corpo.
Uma duração precisa,
que se despede informalmente
nos beijos que já não dá.
Ó meu bom Jesus de Braga,
eu não saberia como ficar,
remendando os dias
com o apressado amor das coisas.

Tudo finalmente finda.
Na calamidade das mãos,
um cigarro que arde impróprio
sobre as manhãs exaustas.
E ninguém me quis,
pelo menos.

De que vos falarei,
com palavras póstumas
onde o rancor se apaga?
Era uma vez

aquele jogo triste que não sei jogar.

(Manuel de Freitas)

INVOCAÇÃO

Em Braga pedi que me beijasse como se fosse
pela primeira vez
e me beijaste como se um beijo ainda fosse

Uma promessa do divino
pairando sobre as nossas
promessas que a nós mesmas tecemos.
Peregrinamos, comemos
e amamos segundo o bater dos sinos.

Não há nada mais santo
portanto
que os beijos que portamos
pelos corredores das naus
como se nunca houvera
a última vez.

(Eu)

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