de sofrer e amar, a gente não se desfaz.

18.8.14

ao longe os barcos de flores

viajar dentro do rio, como se o rio finalmente deixasse de ser aquela paisagem de cenário - pano de fundo que não se mexe. e então essa cidade - a que chego vinda do Sul - se abre para a noite, e às vezes estou presente, e às vezes estou ausente.

exemplo:

presente:
este é o tejo, que serve para um monte de coisas, inclusive para segurar a ponte 25 de abril de um lado ao outro lado e guardar o sol que se pôs.

ausente:
aqui é a baía de guanabara, que atravesso para nada, pelo gosto de ir, e a outra cidade, que me espera de volta, abre os braços por cima de mim sem perguntar o que fui fazer fora.

presente:
penso "estou com frio" e digo "estou com calor", como se o texto oficial que emito só pudesse, maoisticamente, dizer o que desejo e não o que é.

ausente:
"ai que frio" no Rio, inventando noites nórdicas quando tudo o que sinto é um calor que cria uma capa de suor, como uma segunda pele, uma casca.


Um comentário:

Samuca disse...

Muito boa a imagem de viajar dendo Rio! E as outras sensações também. Colocaria este na antologia.