de sofrer e amar, a gente não se desfaz.

11.5.15

uma das coisas que me deixa mais embasbacada nessa cidade é a composição dos sinos de igreja com o ritmo e andamento cotidiano de uma casa. botei aqui um best of de bethânia, quer dizer, o disco álibi, cheio de hits. aí o sino (me) bate bem num contratempo, a tempo, do "diamante verdadeiro", antes do verso "pois todo toque do que você faz e diz". faz de lisboa algo assim como bahia. não posso ser só eu que reparo nessas coisas.

pois veja só, fim de semana de dia das mães e eu em casa, 30 graus, ouvindo um som de banda fanfarra o dia inteiro. o que é que se passa nessa cidade, ó pá? fui descer imediatamente e era uma procissão. olha lá, tá a passar a procissão, lusitanamente. em dia de semana ouço grândola, vila morena da janela e me parece manifestação. megafone ouvido de longe. mas em fim de semana é procissão: o google me mostra que é por nossa senhora da saúde, cuja igreja fica aqui na subida pra mouraria. 

não é que o catolicismo me deixe tão comovida assim, mas desse jeito parece que eu moro no interior do brasil, numa cidadezinha de um quarteirão em volta da igreja matriz e da rua direita. mas é uma capital. todos os meus planos para o fim de semana solitário falharam por preguiça, como eu já previa. e sem saber muito bem o que fazer com tanto sol, desci, subi a mesma colina e beirei o rio. fui parar em alfama, subindo inavertidamente umas escadas enfurnadas num túnel. confesso que a mentalidade da cidade em que nasci não me deixa, então fiquei com um pouquinho de pavor ao subir o beco escuro, tendo certeza de que ia acontecer ou roubo ou estupro ou os dois. sobrevivi e fui dar à travessa dos machados, entendi tudo de onde estava, prometi que a cidade era minha, a saudade mais ainda, e só minhas, me agarrei aos corrimãos como se pudesse ainda mais tomar posse, o que eu queria era ficar plantada a esse chão e beijando cada azulejo. 

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