de sofrer e amar, a gente não se desfaz.

23.10.15

Perdi os nossos desejos,
confessionei, embora
talvez pense que só me
faltam as mãos com que recuperá-los.

O século é de mãos, mas
se reduz mais aos dedos
e esses multiplicam.

Será um dia a vez
das unhas, a vez do ócio, a vez
das linhas contidas em cada almofada
atrás das unhas.

Ok, Matilde, você venceu,
não sei com que qualificações
posso continuar carreiras
nas canaletas de um sucesso prévio.

Pra onde eu quero ir
não tem molde e eu
não disponho das ferramentas.

Vida árida de lata e polipropileno.
Bem diferente do pó de terra
em que o século XX achava
que desfazia o mundo.

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